16.9.09

Qual filme?

Essa gente muderna, linda, rica, reunida. Quero dizer, outro patamar.
Que filme estariam assistindo?
Vote e comete:

A) A Coisa

B) Os Dois Filhos de Francisco

C) Crepúsculo

D) Feto Morto

E) O Vingador Tóxico ( The toxic avenger)

F) Rocky (Balboa)

15.9.09

Zóio-seco

Quando era criança comia melancia o dia todo. Nada acontecia.
Hoje, se eu comer um mísero pedacitos, morro de azia uns dias.
Quando era criança também não sentia frio. Só quando estava muito frio mesmo.
Nunca cansava. Só de noitinha, quando a mãe chamava pra tomar banho e jantar. Tombava às oito da noite. Quando o pai deixava, assitia a tv até mais tarde. Eu tinha o zóio-seco, ainda ficava na cama lendo, lendo. Às vezes a minha avó abria a porta, me via ainda de olhos abertos e falava:
- Vai dormir! Ô menina do zóio-seco!
Eu até fingia que estava dormindo. Só pra continuar a ler e, assim continuava lendo no escuro. Era boa a sensação medonha de ficar com o zóio-seco pra sempre.
Hoje não preciso mais de nada disso, mas também não quero mais ler à noite e nem comer melancia até cansar.
Já uso óculos e tenho azia.
Como é maravilhoso ser criança. Acreditar que a melhor coisa do mundo é ler no escuro. Dar absurdo valor para coisas simples. Dizem que quando a gente envelhece, a gente sente a vida como era na infância. Eu quero morrer bem velhinha.

Divas Mudernas: Carmem Miranda


 
  
  
  
  
"Acabamos de ler num de nossos jornais que Carmen Miranda irá para a Tupi com o ordenado de cinco contos mensais, além de várias garantias no contrato que firmou com essa estação. A sua estréia no microfone da PRG-3 será no próximo dia 1º de dezembro.
Cinco contos por mês! Adivinho perfeitamente a admiração dos leitores.
Então uma cantora de sambas no Brasil ganha cinco contos mensais? Cinco contos para se colocar diante de um microfone, durante duas ou três horas, e cantar uma dessas músicas simples, fáceis, populares, inventadas pelos malandros dos morros?
Pois é, leitor amigo, cinco contos!
Há por ai muito cantor de cousas clássicas, com vários anos de estudos em "Conservatórios", com diplomas vistosos, com todos os incidentes e acidentes de um curso dificílimo, que não ganha a terça parte desse ordenado, que vive de outras cousas, que luta desesperadamente pela vida.
Há por aí também muito musicista nas mesmas condições, com o mesmo diploma, as mesmas prerrogativas e os mesmos embaraços.
O rádio trouxe essa inovação e, sobretudo, esta revelação: o samba, a canção, o tango, o fox, a modinha têm um valor novo, imenso, desconcertante.
E não é apenas o valor pecuniário, o valor financeiro, o valor econômico. Possui também o valor da fama, da nomeada, da celebridade.
Quantas pessoas no Brasil têm a celebridade de Carmen Miranda? A celebridade e o ordenado?
E os cronistas a pedirem em suas crônicas a arte elevada, a arte pura, a beleza clássica, a intelectualidade, o saber, e não sei que mais, para a grandeza e a nobreza do nosso "broadcasting"! Engraçado, não é?" ("Revista da Semana", 28-11-1936, página 36, artigo de A.P.)