6.11.09

Dever de Sonhar



"Eu tenho uma espécie de dever, dever de sonhar, de sonhar sempre,
pois sendo mais do que um espetáculo de mim mesmo,
eu tenho que ter o melhor espetáculo que posso.
E, assim, me construo a ouro e sedas, em salas
supostas, invento palco, cenário para viver o meu sonho
entre luzes brandas e músicas invisíveis."
Fernando Pessoa.

25.9.09

E.L.E.S.


Cada dia que passa esse mundo muderno me surpreende. Como é bom possuir a capacidade de ser uma mulher muderna. Ter um lugar onde possa escrever com liberdade sobre as inquietações que nos afligem. Não existe nada mais excitante. Essa vida muderna cotidiana parece uma injeção de adrenalina. Temos sede de conhecimento, capacidade de aprimorarmos nossas técnicas super revolucionárias, que tornam nossas vidas fáceis e rápidas. Nem todo mundo pode desfrutar das maravilhas do mundo muderno. O blog, o Orkut, o carro, o liquidificador. O que seríamos sem esses poderosos instrumentos de poder?

Sim, posso dizer aqui, com todo orgulho que sou uma mulher muderna. Obrigado Deuses Mudernos, por me proporcionarem nessa vida o privilégio e a honra de usufruir da maravilhas do mundo muderno!!!

P.S.: Deuses Mudernos, o "obrigado" e o "orgulho" só valem depois que o Orkut entrar e não dar mais pau no Twitter e, depois meu liquidificador muderno que pifou voltar a funcionar.

Sim, Deuses Mudernos, eu entendo. Aliás, a maior capacidade da mulher muderna é entender e não perguntar, afinal a resposta será sempre a mesma: - Não pode. É a regra.


Da última vez que sentei no chão de um shopping, veio uma mulher, segurança do local e me disse:
- Pode leventar.
- Por que?
- Não pode.
- Por que?
- É a regra.
- Por que?
- Porque "eles" não gostam.
Aterrorizada, sai de lá correndo, levantei em dois palitos afinal, quem eram "eles"? Seres alienígenas que dominaram a mente e o corpo daquela pobre mulher?

16.9.09

Qual filme?

Essa gente muderna, linda, rica, reunida. Quero dizer, outro patamar.
Que filme estariam assistindo?
Vote e comete:

A) A Coisa

B) Os Dois Filhos de Francisco

C) Crepúsculo

D) Feto Morto

E) O Vingador Tóxico ( The toxic avenger)

F) Rocky (Balboa)

15.9.09

Zóio-seco

Quando era criança comia melancia o dia todo. Nada acontecia.
Hoje, se eu comer um mísero pedacitos, morro de azia uns dias.
Quando era criança também não sentia frio. Só quando estava muito frio mesmo.
Nunca cansava. Só de noitinha, quando a mãe chamava pra tomar banho e jantar. Tombava às oito da noite. Quando o pai deixava, assitia a tv até mais tarde. Eu tinha o zóio-seco, ainda ficava na cama lendo, lendo. Às vezes a minha avó abria a porta, me via ainda de olhos abertos e falava:
- Vai dormir! Ô menina do zóio-seco!
Eu até fingia que estava dormindo. Só pra continuar a ler e, assim continuava lendo no escuro. Era boa a sensação medonha de ficar com o zóio-seco pra sempre.
Hoje não preciso mais de nada disso, mas também não quero mais ler à noite e nem comer melancia até cansar.
Já uso óculos e tenho azia.
Como é maravilhoso ser criança. Acreditar que a melhor coisa do mundo é ler no escuro. Dar absurdo valor para coisas simples. Dizem que quando a gente envelhece, a gente sente a vida como era na infância. Eu quero morrer bem velhinha.

Divas Mudernas: Carmem Miranda


 
  
  
  
  
"Acabamos de ler num de nossos jornais que Carmen Miranda irá para a Tupi com o ordenado de cinco contos mensais, além de várias garantias no contrato que firmou com essa estação. A sua estréia no microfone da PRG-3 será no próximo dia 1º de dezembro.
Cinco contos por mês! Adivinho perfeitamente a admiração dos leitores.
Então uma cantora de sambas no Brasil ganha cinco contos mensais? Cinco contos para se colocar diante de um microfone, durante duas ou três horas, e cantar uma dessas músicas simples, fáceis, populares, inventadas pelos malandros dos morros?
Pois é, leitor amigo, cinco contos!
Há por ai muito cantor de cousas clássicas, com vários anos de estudos em "Conservatórios", com diplomas vistosos, com todos os incidentes e acidentes de um curso dificílimo, que não ganha a terça parte desse ordenado, que vive de outras cousas, que luta desesperadamente pela vida.
Há por aí também muito musicista nas mesmas condições, com o mesmo diploma, as mesmas prerrogativas e os mesmos embaraços.
O rádio trouxe essa inovação e, sobretudo, esta revelação: o samba, a canção, o tango, o fox, a modinha têm um valor novo, imenso, desconcertante.
E não é apenas o valor pecuniário, o valor financeiro, o valor econômico. Possui também o valor da fama, da nomeada, da celebridade.
Quantas pessoas no Brasil têm a celebridade de Carmen Miranda? A celebridade e o ordenado?
E os cronistas a pedirem em suas crônicas a arte elevada, a arte pura, a beleza clássica, a intelectualidade, o saber, e não sei que mais, para a grandeza e a nobreza do nosso "broadcasting"! Engraçado, não é?" ("Revista da Semana", 28-11-1936, página 36, artigo de A.P.)

10.9.09

Do tijolo ao satélite: o muderno telefone celular



Desde quando o celular se tornou uma necessidade muderna, todos nos obrigamos a possuí-los. Quando ele era uma opção muderna muito cara, poucos possuiam e, os muderninhos que detinham o poder de carregar o celular, carregavam tops de linha tijolão preto ou cinza, bem escuro de preferência, ou seja mais discretos possível. Faz parte do muderno ser sutil e quase imperceptível.

Como o dono da fábrica de celulares se preocupa muito com a gente, então ele decidiu inventar outros tipos de aparelhos. Por fim, chegando hoje ao extremo ego da mudernidade. As pessoas tem celulares coloridos, como fotinhas e tudo mais. Todo mundo fica com aquele celular ali por perto esperando que alguém ligue, mas ninguém liga. Ninguém recebe ligação mas, principalmente, ninguem liga. Se recebe, na maioria das vezes é algum cobrador (hehehe). Ninguém liga mais pra ninguém. Fora que ligar pra celular é um tormento de caro!

Um aparelho descartável que tem o objetivo de ser um facilitador da comunicação, peca pela pela simbologia de individualizar. Ninguém se dialoga nessa individualização. Falta a essência para se comunicar, por isso o negócio é tão frio. Todo mundo tem o seu celular personalizado, mas na verdade, na sua verdadeira personalidade ninguém é Vivo, Claro ou Tim e , querendo ou não, você acaba passando pela personalidade desses qeridos homens que fizeram o aparelho "pensando em você, cliente querido". Sabemos que ele suga, suga as nossas emoções e, quando a gente chega em casa `a noite, somente "ele" recarrega as energias.

Geralmente, as pessoas se evitam. Não querem te encontrar. Você faz questão de não falar. Você não quer comentar, nem questionar, nem criticar, nem encontrar. Você não quer que comentem, que questionem, que critiquem, que te encontrem. Então, compra um telefone celular.

Começando com Ternura

A volta do Mundo Muderno






Voltei. E que assim seja.